O Brasil participou diretamente das batalhas da 2ª Guerra Mundial com a atuação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. O caiçarense José Alípio de Carvalho (1917-1995) fez parte desse momento histórico participando da principal campanha brasileira a tomada da região de Monte Castelo, onde sagrou-se herói de guerra.
O então 2º Tenente Alípio pertencia ao 1º Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro. O ato heroico do caiçarense se deu na tentativa de tomada de Monte Castelo em 29/11/1944. Sob forte inverno nos Montes Apeninos, Alípio comandou o avanço do seu pelotão sob um “ninho de metralhadoras” alemães, conquistando assim um ponto de resistência inimiga e fazendo prisioneiros de guerra. Após essa ação, foi atingido na perna por uma granada e, mesmo ferido, seguiu comandando o pelotão até a ordem do capitão para recuarem pois, mesmo eles tendo sucesso naquele ponto, a FEB já contava com muitas baixas naquela tentativa. A conquista de Monte Castelo só se deu em fevereiro de 1945.
Pelos seus feitos, Alípio recebeu importantes medalhas como a “Cruz de Combate de 1ª Classe”, “Medalha Sangue do Brasil” e a “Silver Star” concedida a pelas Forças Armadas Americanas por extraordinário heroísmo, de 12 mil soldados brasileiros que atuaram diretamente na guerra apenas cerca de vinte conquistaram tal medalha. Por sua militância contra as guerras, foi agraciado também com a “Medalha do Pacificador”.
Após a participação na guerra, Alípio seguiu com sua carreira militar chegando a Coronel e postumamente elevado a general. Estabelece-se no estado do Amazonas onde, entre outros cargos, chegou a Comandante do Grupamento de Elementos da Fronteira durante a Ditadura Militar, Comandante do 27º Batalhão de Caçadores, Diretor da Caixa Econômica Federal e Coordenador da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). Alípio foi responsável pela prisão do então governador do Amazonas Plínio Coelho, fato que repercutiu nacionalmente. O coronel recepcionou em Manaus os presidentes Castelo Branco, Costa e Silva, e Emílio Médici.
Alípio faleceu em julho de 1995 vítima de insuficiência respiratória.
O Coronel estava escrevendo suas memórias e agora essas históricas notas biográficas foram organizadas por sua viúva Clio Baraúna de Carvalho e sua sobrinha Márcia Baraúna Pinheiro no livro “Verás que um filho teu não foge à luta”, que será lançado nesse dia 17/10 com apoio do Governo do Estado do Amazonas, no Centro Cultural “Palácio Rio Negro”, em Manaus.
O pesquisador Jocelino Tomaz, presidente do Grupo Atitude, que há 16 anos promove voluntariamente a leitura e a cultura em Caiçara e região, esteve em Manaus em 2012 a convite da cantora caiçarense Fátima Marques, que tem carreira consolidada na região norte. Jocelino, que planeja escrever um livro sobre os filhos ilustres da sua cidade, buscou contatos e chegou até familiares do coronel Alípio, tendo acesso ao registro de suas memórias, acervo fotográfico, medalhas, etc. além de entrevistar a viúva do mesmo.
Da redação Brejo.com com Jocelino Tomaz