O motivo da tentativa de suicídio teria sido um desentendimento familiar.
Uma ação da Polícia Militar evitou que um Jovem de 18 anos cometesse suicídio na manhã deste domingo (02), na cidade de Alagoinha, no Brejo paraibano.
Por volta das 7h30, a guarnição do destacamento da Polícia Militar de Alagoinha recebeu uma ligação para uma ocorrência na Rua Lauro Montenegro, onde ao chegar ao local, se depararam com um jovem tentando suicídio em um dos quartos da casa. Diante da situação, os policiais de imediato conseguiram evitar que ele tirasse a própria vida.
Uma equipe do SAMU esteve no local e ao atender o jovem, foi recomendado que o rapaz tivesse acompanhamento médico através das unidades de Saúde da cidade.
De acordo com informações, o motivo da tentativa de suicídio do rapaz teria sido por uma briga com uma irmã. “Faz muito tempo que agente não se entende”, disse a irmã do jovem.
Grupos de risco
O suicídio é a sexta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. De 2011 a 2017 foram registradas 80,3 mil mortes por suicídios no país, a maior parte nas regiões Sudeste e Sul. Intoxicação por agrotóxicos, enforcamento e armas de fogo são os meios mais utilizados. A média é de 11,5 mil casos por ano. Em 2017, esse número subiu para 13 mil.
Os dados foram apresentados por Mauro Pioli Rehbein, técnico da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde. Ele também descreveu as ações promovidas junto aos grupos de risco — como jovens, trabalhadores e indígenas — e o repasse de recursos para projetos de prevenção de suicídios nos estados com mais casos notificados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Piauí, Amazonas e Rondônia.
Agravantes
As estatísticas ajudam na elaboração de políticas públicas, e a aprovação da Lei 13.819, de 2019, que instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, também é um avanço, disse o representante do Movimento Vida e Paz, Nazareno Vasconcelos Feitosa. Mas é preciso compreender que não há uma razão única para o problema, declarou, apontando como fatores agravantes situações como isolamento social, desemprego, endividamento, desesperança com o excesso de notícias ruins, pessimismo, polarização nas disputas políticas, falta de assistência médica, separações amorosas, contaminação por agrotóxicos, dependência química e acesso a armas de fogo, entre outros.
CVV
Leila Heredia, porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV) reforçou a ideia. A “escuta empática”, o “pronto-socorro emocional”, sigiloso e livre de julgamento é o que muitas vezes consegue aplacar a angústia de quem está pensando em se matar. Esse acolhimento respeitoso no contato telefônico, esclarece, não substitui o atendimento especializado, mas pode evitar o ato de dor e desespero.
A ligação para o número 188 agora também é gratuita, uma conquista obtida em acordo de cooperação técnica com o Ministério da Saúde. A expectativa é chegar este ano a de 3 milhões de ligações. Além do telefone, o serviço voluntário também atende por chat, e-mail e pessoalmente.
— A gente mostra esse dado para demonstrar que quando a pessoa tem um espaço de fala, ela tende a usá-lo. Ela precisa desabafar. Às vezes a angústia é tão grande, que ela está ali no efeito da panela de pressão. Então, à medida que ela fala, vai se acalmando. Às vezes a respiração vai até mudando e ela vai se permitindo sentir um pouco diferente — explicou Leila.
Recomendações ao se avaliar crianças e adolescentes que tentaram suicídio
• Todas as ameaças de suicídio devem ser encaradas com seriedade, mesmo quando possam parecer falsas ou manipulativas.
• Ajudar o jovem a avaliar a situação, permitindo que ele descubra novas soluções para seu sofrimento, explorar com ele tais soluções e orientá-lo em direção a uma ação concreta.
• Procurar compreender as razões pela qual a criança ou adolescente optou pelo suicídio como forma de lidar com seu sofrimento, não minimizando seus problemas e sofrimento.
• Transmitir esperança sem dar falsas garantias e não fazer promessas que não possam ser cumpridas.
• Romper o isolamento em que vive o jovem e abordá-lo diretamente.
• Expressar disponibilidade de escutá-lo sem julgamento, evitar insultos, culpabilização ou repreensões morais.
• Reconhecer a legitimidade do problema e tratá-lo como adulto.
• Avaliar a urgência do caso, verificar se as ideias de suicídio são frequentes e se o jovem apresenta meios para executá-lo.
• Não deixar o jovem sozinho até que as providências sejam tomadas.
• Desmentir o mito de que os adultos não podem mais ajudá-lo.
• Envolver a família.
(Adaptado de Bouchard, 2001)
Sinais possíveis de ideação suicida em adolescentes com transtorno bipolar
• Humor deprimido
• Queda do rendimento escolar
• Aumento do isolamento social
• Perda de interesse em atividades que antes davam prazer
• Mudança na aparência (negligência ou desleixo aos cuidados pessoais)
• Preocupação com temas relacionados à morte
• Aumento da irritabilidade, crises explosivas de raiva
• Alterações no comportamento
• Desfazer de pertences
• Uso de álcool ou drogas
• Mudança no padrão do sono e/ou apetite
• Uso de expressões verbais “auto-destrutivas” – “Queria morrer”
• Não se importa em fazer planos para o futuro
(Fonte: Popolos e Papolos, 2002)
Da redação com o Blog de Cristiano Alves e Agência Senado
e Márcio Candiani, Psiquiatra Infantil CRM33035 – Belo Horizonte/MG